O Riso da Medusa
“Respirei fundo e escutei o velho e orgulhoso som do meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou.” Sylvia Plath
sexta-feira, 22 de junho de 2012
calma
Antes de dormir penso que vou acordar de novo. Deixar o corpo cair e não pensar de forma lógica, deixar que o mundo não me afecte - um repouso dos sentidos e da mente frenética. Se ela parar, eu também paro. E nada dói ou anima.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Solstício
A precisar de um exorcismo, um retirar do corpo e sair livre. Anos de feridas não deixam já nada visível. Tudo é ferida e eu sou fome. Dou de mim, talvez não compreenda o que me dão. Sinto-me frágil. E amanhã começa o Verão. E eu devia estar a mudar a pele com o solstício.
terça-feira, 19 de junho de 2012
largar
Saber como deixar ir, largar. Ficar com a dor, deixar que assente, penetre e magoe. Ruminar essa dor toda, por dentro, por fora, nas mãos, nas veias. Mas largar. Deixar que aconteça. Tão difícil como acordar amanhã e recomeçar tudo de novo. Viajar por dentro de mim. Não preciso de conhecer país nenhum porque já fiz mais viagens pelas minhas entranhas do que aquelas que irei fazer no globo.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
tempo
«nobody said it was easy
no one ever said it would be this hard»
...
Quase desisti. Num breve momento. Um segundo para saber que não conseguia respirar. Um impossível, inominável. Um baque. Um dia passado em névoa, acções que se seguem no silêncio, músicas dissonantes que ecoam, frases, ritmo do trânsito, conversas lentas, lentas... um tempo estranho este que nos rompe e nos deixa pesados.
domingo, 17 de junho de 2012
shut down
Acalmar a dor. Como a fazer parar. Respirar. Isolar. Verbos. Verbos quando não me consigo mexer. Fazer. Os últimos dois dias foram acções. Palavras acções. Promessas, executar. Paraliso. Gastei a acção. Gastei o verbo, todos os verbos por hoje. Falha.
Shut down.
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